O Centro Nacional de Monitoramento e Alerta de Desastres Naturais (CEMADEN), divisão de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MTIC), divulgou no último dia 17 o resumo dos alertas emitidos em 2023 na reunião mensal de avaliação e previsão de impactos de extremos de origem hidro-geo-climático.
São Sebastião (SP), 22/02/2023 - Casas destruídas em deslizamentos na Barra do Sahy após tempestades no litoral norte de São Paulo. Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil. |
Ao total, foram 3.425 alertas, sendo 1.612 de origem geológica e 1.813 hidrológica, sendo o 3º ano com mais alertas, junto com os anos de 2022 e 2020, com destaque para as regiões metropolitanas das capitais dos Estados, assim como o Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, Vale do Itajaí, em Santa Catarina, Zona da Mata Mineira e sul da Bahia.
Ranking das cidades com mais alertas emitidos em 2023:
- 1º Petrópolis (RJ) - 61
- 2º São Paulo (SP) - 56
- 3º Manaus (AM) - 49
- 4º Belo Horizonte (BH) - 40
- 5º Rio de Janeiro (RJ) - 35
- 6º Juiz de Fora (MG) - 34
- 7º Angra dos Reis (RJ) - 30
- 8º Recife (PE) - 26
- 9º Teresópolis (RJ) - 25
- 10º Nova Friburgo (RJ) - 25
Já as ocorrências registradas nas cidades monitoradas pelo CEMADEN somaram 1.161, sendo 445 de natureza geológica e 716 hidrológica e, com isso, o ano de 2023 foi o com mais eventos registrados, em uma tendência crescente nos últimos anos.
Histórico anual do registro de ocorrência de desastres naturais nas cidades monitoradas pelo CEMADEN (2011 - 2023)
Fonte: CEMADEN. |
O ano de 2023 foi o que teve mais ocorrência de desastres naturais nos 1.038 municípios monitorados, que representam 18,6% dos municípios do país e 55% da população brasileira.
Ranking das cidades com mais ocorrências em 2023:
- 1º Manaus (AM) - 23
- 2º São Paulo (SP) - 22
- 3º Petrópolis (RJ) - 18
- 4º Brusque (SC) - 14
- 5º Barra Mansa (RJ) - 14
- 6º Salvador (BA) - 11
- 7º Curitiba (PR) - 10
- 8º Itaquaquecetuba (SP) - 10
- 9º Ubatuba (SP) - 9
- 10º Xanxerê (SC) - 9
Os registros dos eventos não levam em consideração a magnitude dos impactos causados, mas podemos destacar os eventos ocorridos em São Sebastião (SP) em janeiro de 2023, onde tivemos 682 mm de chuva em 24 horas, a seca histórica na bacia do Rio Amazonas durante o segundo semestre do ano e, em setembro, nos municípios do Vale do Taquari, assim como toda a Região Sul, que registraram recordes de chuva, que causaram grandes estragos.
Tragédia no Litoral Norte de São Paulo
Foto: Rovena Rosa / Agência Brasil. |
Entre o sábado 18/1/2023 e domingo (19/1/2023) o município de São Sebastião sofreu com o maior registro de chuva acumulada em 24 horas. Foram 682 mm de chuva que deixou um saldo de 64 mortos, 228 desalojados e 338 desabrigados, além de um imenso rastro de destruição em todo o litoral norte paulista, com deslizamentos de encostas, alagamentos e bairros isolados devido à interdição de vias de acesso.
Seca histórica na Amazônia
Foto: Rafa Neddermeyer / Agência Brasil. |
A combinação de eventos climáticos que reduziu a precipitação na bacia do Rio Negro, região mais preservada da Floresta Amazônica, fez com que os cursos d'água registrassem o menor nível de volume de água em 121 anos de medição, impactando a vida de milhares de pessoas e empresas da região que dependem dos rios para transporte, alimentação e abastecimento, além da mortandade de espécies de peixes e mamíferos que vivem na região.
Chuvas na Região Sul - Desastre no Vale do Taquari
Foto: Maurício Tonetto / SECOM RS |
A passagem de um ciclone extratropical pela região Sul do país entre os dias 3 e 5 de setembro de 2023 causou muita ventania e chuvas torrenciais, principalmente nas cidades do Vale do Taquari, no Rio Grande do Sul, afetando as cidades de Muçum, Roca Sales, Lajeado, Estrela, Arroio do Meio, Encantado e Colinas, deixando um saldo de 53 mortes e 5 desaparecidos.
Em Santa Catarina, na cidade de Santa Cecília foi registrado um tornado.
IMPACTO DOS DESASTRES
Em todo o ano, nas cidades monitoradas, foram registradas 132 mortes e 9.263 feridos por desastres naturais. O saldo ainda soma 74.787 pessoas que ficaram desabrigadas (que são aquelas que perdem sua residência e ficam em abrigos) e 524.863 desalojados (que tem de deixar temporariamente sua residência e vão para casa de conhecidos, amigos ou familiares).
Os eventos ainda trouxeram prejuízos contabilizaram 5,1 bilhões de reais, sendo 2,87 bi em obras de infraestrutura pública, 1,92 mi em unidades habitacionais e 320 mi em instalações públicas, com destaque para o estado do Rio Grande do Sul.
Os prejuízos econômicos foram estimados em 24,9 bilhões de reais, sendo 13,64 bi no setor privado e 11,26 bi no setor público. A agricultura é o setor que mais acumula prejuízos, segundo informado na reunião do CEMADEN.