Segundo os dados divulgados pelo Programa Queimadas do INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), o Monitoramento dos Focos Ativos registrou 189.926 focos de incêndio em 2023, uma redução de 5,4% em relação ao ano de 2022, que registrou 200.763 eventos. Amazônia e Cerrado são os biomas mais impactados pelo problema e a Região Norte tem o maior número de focos, com o Estado do Pará liderando a lista dos Estados brasileiros, seguido do Amazonas.
Foto: Joédson Alves / Agência Brasil |
Em 2023, os biomas mais afetados pelo problema ambiental foram a Amazônia e o Cerrado, com 98.646 e 50.713 registros respectivamente, seguidos da Caatinga (21.550), Mata Atlântica (11.720), Pantanal (6.580) e Pampa (717).
Em comparação com o ano de 2022, a Amazônia foi a que registrou a maior queda percentual de focos de incêndios florestais, com redução de 14,2% dos eventos, já o Pantanal registrou um aumento 302% dos focos detectados, passando de 1.637 em 2022 para 6.580 em 2023.
BIOMA | INCÊNDIO EM 2023 | % | INCÊNDIOS EM 2022 | % | DIF. P/ BIOMA 2022 / 2023 (%) |
---|---|---|---|---|---|
Amazônia | 98.646 | 51,9% | 115.033 | 57,3% | -14,2% |
Cerrado | 50.713 | 26,7% | 56.885 | 28,3% | -10,8% |
Caatinga | 21.550 | 11,3% | 15.338 | 7,7% | +38,7% |
Mata Atlântica | 11.720 | 6,2% | 10.916 | 5,4% | +7,4% |
Pantanal | 6.580 | 3,5% | 1.637 | 0,8% | +302,0% |
Pampa | 717 | 0,4% | 754 | 0,4% | -4,9% |
TOTAIS | 189.926 | 100% | 200.763 | 100% | - |
A região norte do país, onde está localizada a Amazônia, concentrou quase a metade das detecções realizadas pelo Instituto, somando 47% das queimadas em 2023, seguida pelo Nordeste, com 30%, onde temos praticamente toda a Caatinga e uma parte do Cerrado. A região Centro-Oeste, onde temos a maior parte do Cerrado e todo o Pantanal totalizou 16% dos casos, já o Sudeste, onde temos parte da Mata Atlântica registrou 5% e o Sul, que se divide entre Mata Atlântica e o Pampa no Estado do Rio Grande do Sul somou 2% dos focos.
Em comparação com 2022, as regiões que tiveram redução nos casos de queimadas foram o Centro-Oeste, que diminuiu os eventos em 19%, de 36.454 para 29.501, o Sudeste, que reduziu 14% dos eventos, de 10.610 para 9.128, o Norte, onde os registros decresceram 11%, de 101.296 para 90.154 e no Sul, que apresentou uma leve queda de 3%, de 4.766 para 4.605 focos.
A Região Nordeste foi a única que apresentou um aumento de focos de incêndio, passando de 47.637 em 2022 para 56.538 em 2023, um acréscimo de 19% nas detecções.
COMO É FEITA A DETECÇÃO DAS QUEIMADAS?
O INPE utiliza dez satélites para realizar a detecção dos focos de incêndio. A identificação depende de diversos fatores. A distância em que os satélites orbitam a Terra interfere no campo de detecção. Os mais próximos, os de órbita polar, que estão entre 700 e 800 quilômetros da terra, detectam uma frente de fogo a partir de 30 metros de extensão por 1 metro de largura. Já os satélites geoestacionários, a cerca de 36 mil quilômetros, precisam do dobro do tamanho de área impactada para identificar o foco.
Entretanto, cada foco de queimada registrado pelos satélites são contabilizados por pixels, que podem equivaler de 1km² a 4km², ou seja, o foco identificado pode ser pequeno, mas será identificado em toda a área do pixel. Devido a estas limitações tecnológicas, ainda é difícil precisar a exata área devastada pelo incêndio.
Alguns satélites podem identificar pequenos focos de incêndio a noite, com metros de tamanho, por meio da detecção do calor, desde que estes ultrapassem os 300 ºC.
As condições que prejudicam a identificação das queimadas pelos satélites, segundo o INPE, são:
- Frentes de fogo com menos de 30 m;
- Fogo apenas no chão de uma floresta densa, sem afetar a copa das árvores;
- Nuvens cobrindo a região (nuvens de fumaça não interfere);
- Queimada de pequena duração, ocorrendo entre o horário das imagens disponíveis;
- Fogo em uma encosta de montanha, enquanto que o satélite só observou o outro lado;
- Imprecisão na localização do foco de queima, que no melhor caso é de cerca de 375 m, mas chegando a 6 km.