As anomalias da temperatura superficial do Oceano Pacífico equatorial persistiram nas zonas ÑIno-4 (+1,4°C), Niño-3.4 (+1,9°C) e Niño-3 (+2°C), mas enfraqueceu na região Niño-1+2, caindo para 1°C acima da média climatológica, é o que revela o Centro de Previsões Climáticas do Estados Unidos em Análise Diagnóstica do El Niño Oscilação Sul (ENOS), divulgada hoje.
As previsões dos modelos climáticos são unanimes em apontar que o El Niño deve enfraquecer, mas deve ainda permanecer ativo até o final do verão do hemisfério sul, podendo atingir um novo pico agora em janeiro.
Nos meses de novembro e dezembro, a anomalia de temperatura média do trimestre móvel ficou acima de 2°C, exatamente 2,02°C e 2,07°C, respectivamente, caracterizando um El Niño de forte intensidade. Os registros históricos apontam que o mês de janeiro é quando o fenômeno climático atinge seus maiores índices.
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Histórico bienal da diferença média de temperatura na região Niño 3.4 do Pacífico Equatorial para todos os eventos de El Niño desde 1950 (linhas cinzas) e o evento atual (linha roxa) elaborada por Emily Becker do Blog ENSO com dados do NOAA Climate.gov do índice do CPC usando ERSSTv5. |
Os dados mostram o sistema El Niño Oscilação Sul (ENOS), que compreende o sistema El Niño/La Niña, têm uma probabilidade de 73% de entrar em uma situação de neutralidade entre o trimestre de abril, maio e junho.
ENTENDA O FENÔMENO
Segundo o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), o El Niño, juntamente do La Niña, são partes de um fenômenos atmosférico-oceânico que ocorre nas águas equatoriais do Oceano Pacífico e na atmosfera da região. Dizemos que temos um El Niño quando a temperatura média superficial da água do oceano desse região ultrapassa 0,5°C do média climatológica, assim como a situação contrária caracteriza uma situação de La Niña.
A temperatura média, assim como a anomalia, é obtida através de valores trimestrais móveis, ou seja, para caracterizar o evento, a temperatura média dos últimos três meses deve variar 0,5°C para mais ou para menos, caso contrário, dizemos que estamos em uma situação de neutralidade. Esses e outros dados coletados do oceano compõem o Índice Oceânico Niño (Oceanic Niño Index - ONI em inglês). A pressão atmosférica é outro dado relevante para este fenômeno, que são medidas ao norte da Austrália, em Darwin e no Taiti na Polinésia Francesa e a diferença de pressão (baixa e alta) entre esses dois pontos também indica o fenômeno.
O IMPACTO DO EL NIÑO NO CLIMA GLOBAL
Os impactos do El Niño são variados para cada região do planeta a depender do hemisfério e da estação do ano.
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Fonte: CPTEC / INPE |
No Brasil
Durante os meses de verão, em dezembro, janeiro e fevereiro, o fenômeno pode causar um clima mais seco na região nordeste do país, afetando principalmente a caatinga; traz um clima com temperaturas mais elevadas na região sudeste e traz muitas chuvas na região sul do país, em especial no Estado do Rio Grande do Sul.
Já nos meses de inverno, entre junho e agosto, as temperaturas da estação ficam mais elevadas no sudeste e na Bahia e a estação é muito chuvosa para os Estados da região Sul.
Em junho de 2023, com a formação do El Niño, vários desses efeitos puderam ser observados nos meses subsequentes, principalmente quando a força do evento se intensificou, com muita seca nas regiões do Nordeste e uma seca histórica na Região Norte, com redução drástica da vazão dos rios da Bacia Amazônica pela redução de precipitação, devido a combinação com um evento climático que ocorreu no Oceano Atlântico. Recordes de temperatura em setembro, outubro e novembro em todo o país, além de grandes volumes de chuva que arrasaram cidades da região sul.
No Mundo
Durante os meses de dezembro a fevereiro, o El Niño podem criar um clima quente e chuvoso em todo o Oceano Pacífico Equatorial e também no Equador e Peru. Grande parte da Oceania e Sudeste Asiático pode enfrentar um clima seco; já o sul da Austrália tem um clima mais quente, assim como o Japão, as Coréias do Norte e do Sul e o litoral leste da Rússia; Na África, Somália, Quênia e Tanzânia enfrentam um clima chuvoso enquanto a região de Madagascar, Moçambique, Essuatíni, Lesoto, Zimbábue e África do Sul enfrentam um clima quente e seco.
Na América do Norte, as regiões costeiras do Canadá e do Estado do Alasca (EUA) enfrentam temperaturas acima da média.
Já nos meses de junho a agosto, a Índia, no continente Asiático enfrenta um período sexo, assim como o Sudeste Asiático e Oceania, incluindo parte da área centro-leste da Austrália. Já a Nova Zelante e países adjacentes enfrentam um período particularmente frio e seco; a área central do Pacífico Equatorial tem um clima chuvoso, como na costa oeste do Canadá e EUA e a região central do Chile, já a porção norte do país enfrente um clima quente que se estende até o Peru e Equador.
A América Central e o norte da América do Sul (Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname e Guiana Francesa) podem ter o tempo seco e quente.
SUPER EL NIÑO
Não existem parâmetros que definem o que é um super El Niño, mas sim uma convenção entre os meteorologistas que consideram essa denominação quando a anomalia superam os 2°C no trimestre móvel.
O maior El Niño registrado pelo NOAA (National Oceanic and Atmospheric Administration), na série histórica desde 1950, foi em novembro de 2015, quando a anomalia climática registrou média trimestral móvel de 2,71°C. O El Niño 2015/2016 registrou diversos meses sequenciais com média trimestral móvel acima de 2°C, de setembro de 2015 a fevereiro de 2016.