O Dia Mundial das Zonas Úmidas é celebrado em 2 de fevereiro. A data foi estabelecida em 1971, durante a Convenção sobre Zonas Úmidas na cidade de Ramsar, no Irã, que gerou o Contrato das Partes, tendo hoje, 172 países signatários, que representam quase 90% dos países membros das Nações Unidas. O Brasil é signatário desde 1993 e conta com 27 áreas proteção cadastradas, que cobrem uma área de 26.794.455 hectares.
Pantanal Brasileiro. Foto: Diego Tirira / Wikimedia Commons. |
As Zonas Úmidas fazem parte dos ecossistemas mais produtivos do mundo, sendo essenciais para a manutenção da biodiversidade e sobrevivência humana. Servem de lar para uma imensa diversidade da fauna e flora. Também fornecem alimento e matérias-primas, atuam como regiões "produtoras de água doce", auxiliam no reabastecimento de lençóis freáticos e aquíferos, ajudam na mitigação de enchentes e atuam como controladores do clima.
Áreas Úmidas são ecossistemas na interface entre ambientes terrestres e aquáticos, continentais ou costeiros, naturais ou artificiais, permanente ou periodicamente inundados ou com solos encharcados. As águas podem ser doces, salobras ou salgadas, com comunidades de plantas e animais adaptados à sua dinâmica hídrica - Recomendação do Comitê Nacional das Zonas Úmidas Nº 7 de 11 de junho de 2015.
A importância das áreas úmidas:
- Capturam o CO2 da atmosfera e são capazes de armazenar mais carbono do que qualquer outro ecossistema terrestre, com destaque para as turfas, que podem reter cerca de 30% do carbono terrestre, o que representa o dobro da quantidade de todas as florestas do mundo;
- Os sedimentos dos ecossistemas costeiros de carbono azul (pradarias marinhas, manguezais e brejos) são 55 vezes mais rápidos em armazenar o gás carbônico do que as florestas tropicais chuvosas;
- Estima-se que em uma área úmida de 4 mil m² é possível conter até 5,7 milhões de litros de águas das cheias;
- As áreas úmidas proporcionam meios de subsistência para várias pessoas em diversas partes do planeta, por meio de alimentos, abastecimento de água, transportes e lazer;
- Cerca de 40% das espécies de plantas e animais dependem das áreas úmidas.
Os pântanos da Louisiana - EUA
Na costa do estado da Louisiana, banhada pelo Golfo do México, os pântanos e ilhas sedimentares formadas no delta do Rio Mississipi foram reduziram metade de sua área nos últimos 200 anos. Esse processo, segundo o Relatório do Serviço Geológico dos Estados Unidos, ocorre de modo natural, pois com a alteração do curso do rio nas áreas mais rasas, alguns locais da região do delta param de receber sedimentos e ficam sujeitos somente a erosões, enquanto em outras partes, novas áreas se formam com os sedimentos carregados. Entretanto seu processo foi acelerado pela ação humana como a drenagem de para desenvolvimento da agricultura, abertura de canais para transporte e exploração energética.
As mudanças climáticas que fazem com que o mar se eleve estão inundando com água salobra as áreas pantanosas, causando a degradação do ecossistema. Com o mar mais elevado, a região também fica mais suscetível ao processo de erosão das ondas e marés.
Com a redução dessa barreira natural, cidades como Nova Orleans ficam mais expostas a eventos extremos como enchentes, inundações e aos efeitos dos furacões (que perderiam força sobre a grande extensão pantanosa).
Áreas Úmidas no Brasil
Nosso país conta com a maior planície inundável do mundo, o Pantanal, localizado entre os estados do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, na área brasileira, e em uma pequena parte na divisa com o Paraguai e a Bolívia (onde é chamado de Chaco).
Os manguezais distribuídos pela costa norte compõem a mais extensa faixa contínua desse tipo de ecossistema no mundo. Dentro da Floresta Amazônica também temos áreas úmidas, com diversas áreas que são alagáveis. O Brasil ainda conta com os maiores recifes de corais do Atlântico Sul.
Hoje, 27 áreas brasileiras são cadastradas com o título de Sítio Ramsar que objetiva promover maior visibilidade a esses ecossistemas e acesso a benefícios financeiros ou assessoria técnica para ações de conservação e uso sustentável, além de prioridade na implementação de políticas públicas ambientais, segundo o ICMBio.
Arquipélago de Fernando de Noronha (Pernambuco)
O Arquipélago de Fernando de Noronha está na Região Nordeste do Brasil com uma área de 10.927 ha, que há milênios é refúgio de muitas espécies endêmicas devido à sua localização isolada. Das 28 espécies de corais que ocorrem no Brasil, dez são encontradas aqui em todas as fases de suas vidas. Existem também grandes concentrações de golfinhos-rotadores (Stenella longirostris) e golfinhos-pintados pantropicais (Stenella attenuata), e uma área onde as baleias jubarte (Megaptera novaeangliae) se reproduzem e criam seus filhotes.
Reserva Biológica do Atol das Rocas (Rio Grande do Norte)
A Reserva Biológica do Atol das Rocas é um ecossistema insular oceânico que inclui o único atol do Atlântico Sul, formado predominantemente por algas coralinas em vez de corais.
Localizada a 267 km a nordeste da cidade costeira de Natal, também faz parte do Patrimônio Mundial “Ilhas Atlânticas Brasileiras: Reservas de Fernando de Noronha e Atol das Rocas”.
O Atol das Rocas alberga uma grande variedade de espécies endémicas e migratórias, algumas das quais estão ameaçadas de extinção e muitas de interesse económico. É um importante sítio reprodutivo para a tartaruga verde (Chelonia mydas) e também abriga a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata) e a tartaruga cabeçuda (Caretta caretta), todas categorizadas como ameaçadas ou criticamente ameaçadas na Lista Vermelha da IUCN.
Também mantém pelo menos 14 espécies endémicas de moluscos, incluindo seis que são endémicas do Sítio; cinco espécies de esponjas não registradas em áreas vizinhas e provavelmente novas para a ciência, portanto consideradas provisoriamente endêmicas do Atol das Rocas; e 15 espécies de corais endêmicos do Brasil. Acomoda a maior concentração de aves marinhas tropicais do Atlântico ocidental, com uma estimativa de pelo menos 150.000 aves de 29 espécies.
É também um importante local de reprodução, alimentação e amamentação do tubarão-limão (Negaprion brevirostris) e abriga cinco espécies endêmicas de peixes.
A recreação e o turismo não são permitidos e apenas são realizadas pesquisas e monitoramento. As principais ameaças ao carácter ecológico do Sítio incluem a pesca ilegal, a introdução de espécies invasoras, as perturbações causadas pelos visitantes e os sobrevoos comerciais e militares.
Parque Estadual Marinho do Parcel Manoel Luís (e Baixios do Mestre Álvaro e Tarol) (Maranhão)
O parque conta com 34.556 hectares. É composto por três bancos de corais no litoral norte do Maranhão, no limite norte de distribuição de diversas espécies de peixes endêmicas da costa brasileira. A área é muito importante para a produção pesqueira e de altíssimo valor científico.
Numerosos naufrágios foram encontrados na área e aguardam estudos mais aprofundados. Embora a área seja atraente para mergulhadores amadores e profissionais, o turismo é limitado e, devido às difíceis correntes locais e à distância da costa, apenas mergulhadores experientes são incentivados.
As ameaças incluem o branqueamento de corais associado às mudanças climáticas, a possibilidade de naufrágios prejudiciais ao meio ambiente onde a navegação ainda é perigosa e a poluição causada pela lavagem de cascos por navios perto da Baía de São Marcos.
Reentrâncias Maranhenses (Maranhão)
Rio Sipotiúa na Área de Proteção Ambiental das Reentrâncias Maranhenses. Foto: José Augusto Faes / Wikimedia Commons. |
Esta grande zona úmida de importância internacional na costa nordeste do Brasil apresenta baías, enseadas e estuários, áreas baixas e planas, bem como extensos manguezais. Abrange quase 2,7 milhões de hectares e está conectado a outras quatro áreas úmidas de importância internacional (Parque Nacional Cabo Orange; Área de Proteção Ambiental da Baixada Maranhense; Estuário Amazônico e seus Manguezais; e Par.Est.Mar. do Parcel Manoel Luís incluindo os Baixios do Mestre Álvaro e Tarol) formando a maior área contínua de manguezais do mundo.
O Sítio é um ecossistema rico em biodiversidade: é a segunda área mais importante da América do Sul em número de aves migratórias. Abriga 50% de toda a população de aves costeiras do Brasil e 7% de todas as da América do Sul, incluindo o maçarico-hudsoniano (Limosa haemastica) e o maçarico (Numenius phaeopus).
Além disso, fornece abrigo para espécies criticamente ameaçadas, como a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricate), e espécies vulneráveis, como o peixe-boi caribenho (Trichechus manatus), a tartaruga-de-couro (Dermochelys coriacea) e a garoupa gigante do Atlântico (Epinephelus itajara).
Reentrâncias Maranhenses enfrenta ameaças naturais como fortes correntes oceânicas e avanço de areia sobre o mangue. Contudo, as principais ameaças são a pesca predatória, a pesca incidental de espécies ameaçadas e a recolha de ovos de tartaruga.
Área de Preservação Ambiental da Baixada Maranhense (Maranhão)
Baixada Maranhense no período chuvoso, com os campos alagados. Foto: SLRTDM / Wikimedia Commons. |
O Sítio está localizado no litoral nordeste do país, no Estado do Maranhão. Apresenta uma rica biodiversidade dentro de uma gama complexa de ecossistemas, incluindo rios, suas planícies aluviais e estuários, florestas ribeirinhas, pântanos e lagoas.
Esse mosaico faz da Área de Proteção Ambiental uma unidade de conservação de extrema importância, pois possibilita processos ecológicos em larga escala e sustenta uma área de manguezal que regula os estoques pesqueiros locais. As férteis planícies aluviais proporcionam locais de descanso, alimentação e reprodução para mais de 20 espécies de aves aquáticas residentes ou migratórias.
O Sítio também é importante para a conservação de espécies globalmente vulneráveis, como a preguiça-guará (Bradypus torquatus), o peixe-boi das Índias Ocidentais (Trichechus manatus) e a amazona-de-óculos-vermelhos (Amazona pretrei). Golfinhos e diversas espécies de peixes utilizam a Baixada Maranhense em suas rotas migratórias, enquanto populações de répteis e mamíferos nativos utilizam os pântanos como refúgio.
A agricultura extensiva e intensiva é a ameaça que mais afeta o local, assim como o desmatamento, a erosão e a sedimentação dos rios no entorno.
Estuário Amazônico e seus Manguezais (Amapá, Pará e Maranhão)
O Sítio está localizado no arquipélago do Marajó, o maior arquipélago fluvial-marítimo do mundo, na foz do Rio Amazonas. É composto por um corredor de 23 unidades de conservação com área total de mais de 3,8 milhões de hectares.
Neste trecho de costa encontra-se uma das maiores formações contínuas de manguezais do mundo; com mais de 8.900 quilômetros quadrados que se estendem por mais de 700 km, abriga 70% dos manguezais do Brasil.
O Sítio é adjacente a outros Sítios Ramsar: Cabo Orange, Baixada Maranhense, Reentrâncias Maranhenses e Parcela Manuel Luiz. O Sítio e a ecorregião mais ampla do estuário e das bacias costeiras do Amazonas são extremamente biodiversos e de grande importância internacional.
Cerca de 40 espécies encontradas no Sítio estão ameaçadas nacional e globalmente, e mais 21 estão listadas como ameaçadas na Lista Vermelha do Brasil. Espécies marinhas, de água doce e terrestres, incluindo mamíferos, répteis, aves e peixes, estão incluídas entre estas.
Parque Nacional do Cabo Orange (Amapá)
Igarapé do Rego, no Parque Nacional do Cabo Orange. Foto: João Lara Mesquita / Wikimedia Commons. |
Extenso sítio (657.328 ha) caracterizado por campos periodicamente e permanentemente inundados, únicos na região amazônica, bem como por seus manguezais, que funcionam como “berçários de peixes” e são vitais para a manutenção de algumas das pescarias mais importantes do Brasil.
O local é rico em biodiversidade e abriga espécies globalmente ameaçadas, como o saquê-barbudo-preto (Chiropotes satanas), o tentilhão-de-bico-grande (Sporophila maximiliani), a tartaruga-de-pintada-amarela ( Podocnemis unifilis) e o jacaré-preto (Melanosuchus niger), entre outros.
Até o momento, 358 espécies de aves, 19 espécies de plantas, 54 espécies de mamíferos foram identificadas no parque. Além de sua biodiversidade e recursos hídricos, os recursos marinhos e a produção pesqueira estuarina é essencial para a economia do Brasil, o que tornou a área uma das áreas de pesca mais intensa da região, com a sobrepesca e a pesca ilegal constituindo a principal ameaça ao local.
Outras ameaças incluem a disseminação de espécies invasoras de camarão Macrobrachium rosembergii, exploração excessiva de duas espécies de tartarugas (Podocnemis unifilis e Podocnemis expansa) e incêndios florestais.
Parque Nacional Viruá (Roraima)
Vista aérea do Parque Nacional do Viruá, Roraima. Foto: Carlos Marques / ICMBio via Wikimedia Commons. |
O Parque Nacional do Viruá está localizado na região ecológica megadiversa “Campinaranas”, no baixo Rio Branco, na bacia do Rio Negro. Abrange um mosaico de ecossistemas úmidos florestados e não florestados, que são representativos de um sistema geoecológico único na Amazônia e desempenham papéis importantes no controle de enchentes, deposição de sedimentos e outros ciclos naturais.
O Sítio apresenta níveis excepcionais de biodiversidade, especialmente de peixes com 500 espécies registadas, e de aves com mais de 530 espécies registadas, das quais 28 são endémicas. Fornece importantes recursos pesqueiros.
O Sítio abriga populações de espécies como a ameaçada ariranha (Pteronura brasiliensis) e a quase ameaçada onça-pintada (Panthera onca).
Parque Nacional Anavilhanas (Amazonas)
O Parque Nacional de Anavilhanas está localizado no estado do Amazonas, no baixo curso do Rio Negro, dentro da floresta tropical da bacia amazônica. De grande beleza cênica, o Sítio apresenta diversas formações florestais, além de ecossistemas fluviais e lacustres.
Nas ilhas do vasto arquipélago de Anavilhanas, no Rio Negro, foram registradas 48 espécies de aves, além do gato-maracajá (Leopardus wiedii), um pequeno felino, e do peixe-boi amazônico (Trichechus inunguis), o maior herbívoro de água doce da América do Sul, que é endêmico da bacia amazônica.
O Rio Negro é um importante curso de água para as comunidades tradicionais assentadas às margens. As ameaças aos recursos naturais do Sítio incluem a exploração madeireira nas ilhas do arquipélago, a pesca comercial, a caça, o tráfico de animais selvagens e a mineração de areia.
Rio Negro (Amazonas)
O Rio Negro, que cobre mais de 12 milhões de hectares, faz parte do maior rio afluente do lado norte da bacia amazônica e inclui mais de 20 unidades de conservação e terras indígenas.
Situado no centro de uma das maiores florestas tropicais preservadas do planeta, o Sítio inclui diversos ecossistemas específicos da região, como florestas de igapó, savanas edáficas e arquipélagos fluviais.
A rica biodiversidade do Rio Negro abrange espécies animais globalmente ameaçadas, como o formigueiro-de-peito-cinzento (Myrmoborus lugubris), a lontra gigante (Pteronura brasiliensis), o mico-de-cara-de-cara-branca (Saguinus bicolor), criticamente ameaçado de extinção, o macaco-aranha-de-barriga-branca (Ateles belzebuth) e plantas como a castanha-do-pará (Bertholletia excelsa).
As comunidades locais que habitam o Sítio são étnica e culturalmente diversas, com as unidades de conservação destinadas a apoiar as suas formas sustentáveis de utilização de recursos e agricultura de baixo impacto.
O Sítio também contribui para o abastecimento de água de pelo menos seis municípios brasileiros, com o canal principal do rio servindo como hidrovia conectando as comunidades.
Entre as principais ameaças ao Sítio estão a conversão de terras e a derrubada de vegetação, bem como a caça e a pesca descontroladas.
Mamirauá (Amazonas)
Pousada Uacari, empreendimento flutuante administrado pelas próprias comunidades ribeirinhas com a ajuda do Instituto Mamirauá Foto: Tomaz Silva / Agência Brasil. |
Com 1.124.000 ha, é uma região de Mata da Várzea com vários lagos ligados sazonalmente por canais de drenagem naturais. A área apresenta alto grau de endemismo. As atividades humanas incluem silvicultura, agricultura rotativa, pesca comercial controlada e coleta de peixes de aquário.
Rio Juruá (Amazonas)
O Rio Juruá, localizado na bacia do alto Amazonas, é formado por um complexo sistema de rios, canais, lagos, rios sazonais e florestas de várzea.
O Sítio, uma floresta exemplar de várzea amazônica de água doce, é uma área prioritária para a conservação de espécies de répteis e anfíbios, incluindo a tartaruga cabeçuda do rio Amazonas (Peltocephalus dumerilianus), a tartaruga de seis tubérculos do rio Amazonas (Podocnemis sextuberculata) e a tartaruga-pintada-amarela. tartaruga de rio (Podocnemis unifilis).
O Sítio também fornece habitat para 392 espécies de peixes, bem como espécies ameaçadas, como o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), o peixe-boi da Amazônia (Trichechus inunguis), a anta brasileira (Tapirus terrestris) e o caititu (Tayassu pecari), o tatu gigante (Priodontes maximus) e o uacari-careca (Cacajao calvus).
O Rio Juruá fornece serviços ecossistêmicos a mais de 130 mil pessoas, que vão desde o fornecimento de alimentos e água potável até proteção contra erosão, atividades recreativas e educacionais.
As principais ameaças atuais ao Sítio estão relacionadas com a sua utilização insustentável para exploração madeireira e caça.
Ilha do Bananal (Tocantins)
Extenso sistema de várzea do Rio Araguaia (562.312 ha) com rios navegáveis de média a alta vazão, lagoas sazonais, pântanos e numerosas ilhas. A Ilha do Bananal é a maior ilha fluvial do mundo.
Está presente uma flora e fauna diversificada representando a zona de transição entre a floresta tropical úmida da Bacia Amazônica e as savanas lenhosas com mata de galeria.
O local é uma área extremamente rica em aves aquáticas, com uma grande variedade de espécies reprodutoras residentes e muitas aves limícolas neárticas ocorrendo em migração.
As atividades humanas incluem pastoreio ilegal de gado doméstico, caça furtiva e alguns assentamentos ilegais.
Reserva Biológica do Guaporé (Rondônia)
A Reserva Biológica do Guaporé é uma das maiores e mais notáveis áreas protegidas do Brasil. Compreende amostras representativas de florestas sazonalmente inundadas por rios de águas claras e pastagens inundadas, ambos tipos de áreas úmidas muito representativas da Amazônia brasileira.
O Sítio é de grande importância para a conservação da diversidade biológica da região: abriga uma rica e diversificada flora e fauna, incluindo espécies ameaçadas de extinção como o macaco-aranha preto (Ateles chamek) e a ariranha (Pteronura brasiliensis).
Entre as ameaças ao Sítio estão espécies invasoras não nativas, incêndios e exploração de recursos aquáticos.
Estação Ecológica de Taiamã (Mato Grosso)
O Sítio está localizado na área central de uma das maiores áreas úmidas do planeta, o Pantanal. A Estação Ecológica de Taiamã é composta por diversos pântanos e brejos raros e representativos, conhecidos por sua extraordinária vida selvagem, principalmente por seus peixes e pássaros.
Foram identificadas cento e trinta e uma espécies de peixes nos rios que margeiam o Sítio e registradas 237 espécies de aves. A rica biodiversidade inclui populações de espécies ameaçadas, como o vulnerável cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) e a ameaçada ariranha gigante (Pteronura brasiliensis).
O Sítio fornece serviços ecossistêmicos a mais de 2.000 pessoas, que vão desde o fornecimento de alimentos, manutenção dos regimes hidrológicos e ciclagem de nutrientes, até atividades recreativas, turísticas e científicas dentro da Estação.
O fogo é uma ameaça potencial.
Parque Nacional do Pantanal Matogrosense (Mato Grosso)
O Sítio está localizado no extremo oeste do território brasileiro. O Pantanal é considerado a maior área periodicamente inundada do continente americano e área de convergência de três dos maiores biomas da América do Sul: a Amazônia, o Cerrado e o Chaco. Constitui um enorme delta interno, no qual se fundem vários rios que fluem das terras altas.
O Pantanal Matogrosense apresenta uma das maiores e mais espetaculares concentrações de vida selvagem da região Neotropical e é uma das áreas úmidas mais importantes da América do Sul para aves aquáticas. É o lar de 90 espécies de mamíferos, 700 aves, 160 répteis, 260 peixes e 45 espécies de anfíbios.
O Sítio é importante para espécies globalmente vulneráveis, como o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla) e o tatu-canastra (Priodontes maximus), além da ameaçada ariranha (Pteronura brasilensis).
O Pantanal Matogrosense também é tombado como Patrimônio Mundial e como Reserva da Biosfera.
O turismo descontrolado, a pesca recreativa, a caça e o contrabando de espécies ameaçadas de extinção e o desmatamento são as principais ameaças ao Sítio.
Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) Fazenda Rio Negro (Mato Grosso do Sul)
Um exemplo bem preservado do Pantanal da Nhecolândia (7.000 ha), sub-região do Pantanal brasileiro que se caracteriza pela presença abundante de lagos de água doce ou alcalinos (baías e salinas, respectivamente), além de rios permanentes e intermitentes.
O local abriga mais de 400 espécies de plantas, 350 de aves e 70 de mamíferos. Entre elas destacam-se espécies ameaçadas, como a ariranha-gigante (Pteronura brasiliensis), o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) e a arara-azul (Anodorhynchus hyacinthinus).
Espécies de aves migratórias também estão presentes no local, por ex. Tringa melanoleuca, Himantopus melanurus, Tachybaptus dominicus, Dendrocygna viduatam e Coscoroba coscoroba.
A pecuária está relacionada a duas das principais ameaças ao local: as queimadas descontroladas causadas pelas fazendas vizinhas e a introdução de ervas exóticas. Na área a caça e a pesca são legalmente proibidas.
Reserva Particular de Patrimônio Natural (RPPN) SESC Pantanal (Maro Grosso)
O SESC Pantanal, localizado no estado de Mato Grosso, na região centro-oeste do Brasil, é um representante significativo das grandes áreas úmidas do Pantanal. O Sítio inclui rios permanentes, riachos sazonais, planícies aluviais permanentes e sazonais, lagos de água doce e florestas sazonalmente inundadas. Desde a sua criação, a Reserva é a maior unidade de conservação privada do Brasil.
O Sítio fornece habitat para pelo menos 30 espécies de anfíbios, 53 répteis e 83 mamíferos, incluindo espécies vulneráveis como a anta brasileira (Tapirus terrestris), o caititu (Tayassu pecari), o tamanduá-bandeira (Myrmecophaga tridactyla), o queixada veado (Blastocerus dichotomus) e o maçarico-esquimó (Numenius borealis), criticamente ameaçado de extinção.
É também um local de nidificação ideal para uma grande população de aves, incluindo até 20.000 indivíduos do cormorão neotrópico (Phalacrocorax brasilianus brasilianus).
Desde a sua designação como Zona Húmida de Importância Internacional, os programas de conservação levaram a resultados importantes, incluindo um aumento nas populações locais de espécies vulneráveis, particularmente a arara azul (Anodorhynchus hyacinthinus).
Entre as ameaças que afetam a conservação do Sítio estão a pesca ilegal, a caça e os incêndios florestais.
Parque Nacional Marinho de Abrolhos (Bahia)
O Parque (91.300 ha) está dividido em duas áreas distintas: a) Recifes de Timbebas e b) Arquipélago dos Abrolhos e Parcela dos Abrolhos. Incluem um mosaico de ambientes marinhos e costeiros, como recifes de coral, fundos de algas, manguezais, praias e bancos de areia.
O local abriga espécies criticamente ameaçadas da Lista Vermelha da IUCN, como a tartaruga marinha de couro (Dermochelys coriacea) e a tartaruga-de-pente (Eretmochelys imbricata), bem como outras espécies ameaçadas e vulneráveis, incluindo a tartaruga marinha cabeçuda (Caretta caretta), a tartaruga verde (Chelonia Myda ), a baleia jubarte (Megaptera novaeangliae) e muitas espécies de peixes ameaçadas, como as garoupas e o coral (Millepora nitida).
A área é considerada sítio arqueológico devido à quantidade de naufrágios encontrados em suas águas. Proporciona sustento a mais de 20 mil pescadores e 80 mil postos de trabalho relacionados ao turismo na região do Estado da Bahia.
As ameaças dentro do parque incluem a pesca ilegal, o grande número de turistas que causa stress na população de aves e corais e o aumento do lixo; e poluição proveniente de atividades de limpeza de lastro de navios.
As instalações e atividades de pesquisa e turismo incluem um centro de visitantes inaugurado em 2004, o Centro de Pesquisa e Monitoramento de Abrolhos, um programa de estágio voluntário para estudantes de graduação e um conselho consultivo composto por diferentes atores da comunidade. O sítio faz parte da zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica.
Parque Estadual do Rio Doce (Minas Gerais)
Parque Estadual do Rio Doce.15/03/10; Minas Gerais; 35.973 hectares; 19°38'S 042°32'W. Parque Estadual.
Localizado na região sudeste do Brasil, o local é o maior fragmento de vegetação da ameaçada Mata Atlântica de Minas Gerais. Além dos rios permanentes e sazonais, existem 42 lagos naturais que representam 6% da superfície do parque.
O local abriga 10 comunidades vegetais diferentes, 325 espécies de aves e pelo menos 77 de mamíferos. O endêmico e ameaçado pau-rosa (Dalbergia nigra) pode ser encontrado aqui, além de outras espécies ameaçadas, como a onça-pintada (Panthera onca), o gavião-real (Harpia harpyja), o mutum-de-bico-vermelho (Crax blumenbachii) e o Muriqui do Norte, o maior primata da América do Sul e importante dispersor de sementes (Brachyteles hypoxanthus).
Uma das principais ameaças é a introdução de espécies de peixes exóticas que levaram a mudanças na comunidade piscícola. No entanto, o local possui um plano de manejo que está sendo implementado. O sítio é uma área totalmente protegida (Categoria II, IUCN) e é uma das áreas núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (UNESCO).
Lund Warming (Área de Preservação Ambiental de Lagoa Santa) (Minas Gerais)
O Sitio ocorre no centro-sul de Minas Gerais, na interseção entre dois hotspots de biodiversidade, o Cerrado (savana brasileira) e a Mata Atlântica (Mata Atlântica).
Apresenta múltiplas bacias hidrográficas superficiais que inundam sazonalmente, formando um sistema de lagos temporários que conferem ao Sítio elevado valor de biodiversidade e beleza paisagística.
São encontradas centenas de cavernas, abrigos e importantes sítios arqueológicos e paleontológicos, contendo um grande número de fósseis, artefatos e desenhos dos primeiros assentamentos humanos. O Sítio também abriga espécies ameaçadas, como o vulnerável titi-mascarado (Callicebus personatus).
As atividades de mineração no entorno têm causado a perda de vegetação nativa e alterações na qualidade das águas superficiais e subterrâneas.
Parque Nacional da Ilha Grande (Paraná e Mato Grosso do Sul)
O Sítio está localizado às margens do Rio Paraná, na divisa dos estados do Paraná e Mato Grosso do Sul, próximo à divisa com o Paraguai. É composto por aproximadamente 180 ilhas, além de margens de rios, lagoas naturais e pântanos de água doce.
O Parque Nacional protege dois tipos de ambientes hoje raros e degradados no Centro-Sul brasileiro: matas ciliares e várzeas. Além da beleza cênica, essas áreas são importantes locais de reprodução e alimentação de diversas espécies de peixes. Também abriga diversas espécies ameaçadas de extinção, entre elas o cervo-do-pantanal Blastocerus dichotomus, símbolo do Parque Nacional, o bugio marrom Alouatta fusca e o gambá de quatro olhos do sudeste Philander frenata, endêmico da Mata Atlântica.
Incêndios, caça e introdução de espécies exóticas representam ameaças ao Sítio.
Estação Ecológica Guaraqueçaba (Paraná)
A Estação Ecológica de Guaraqueçaba está localizada no litoral do Estado do Paraná. Faz parte das Reservas da Mata Atlântica do Sudeste, Patrimônio Mundial desde 1999.
O Sítio contém os habitats mais importantes para a conservação in situ da biodiversidade da região e possui grande diversidade de espécies endêmicas e migratórias, como a espécie ameaçada de extinção. tartaruga verde (Chelonia mydas) e o vulnerável golfinho Franciscana (Pontoporia blainvillei).
O Sítio é também um exemplo representativo de processos ecológicos e biológicos significativos em curso na evolução e desenvolvimento de ecossistemas terrestres, de água doce, costeiros e marinhos, tais como florestas e mangais. Estas áreas são importantes para diferentes espécies, incluindo peixes e invertebrados, como ostras e caranguejos.
Espécies invasoras e uso de recursos biológicos representam ameaças ao Sítio.
Guaratuba (Paraná)
O Sítio, localizado no extremo sul do litoral do estado do Paraná, é considerado a área mais importante para o choquinho-do-Paraná (Stymphalornis acutirostris), do qual abriga cerca de 42% da população mundial.
Possui manguezais bem preservados, florestas periodicamente inundadas, pântanos e mais de 3.000 hectares dos últimos remanescentes de florestas de caixeta (Tabebuia cassinoides).
Embora possa ser considerado um habitat bem preservado em comparação com outras baías do Brasil, ameaças como pesca excessiva, poluição, turismo desregulamentado e ocupação de áreas de mangue estão presentes.
Lagoa do Peixe (Rio Grande do Sul)
Extensa área de planície de sapais, dunas costeiras, lagoas, lagos e pântanos associados, com 34.400 hectares, proporcionando importantes locais de estadia para numerosas espécies migrantes.
A Lagoa do Peixe é uma grande lagoa salobra a salina, que suporta grandes concentrações de invertebrados. A área é muito importante para uma grande variedade de aves aquáticas e a lagoa é uma importante área de invernada e de estadia para espécies migrantes.
As atividades humanas incluem caça, irrigação de campos de arroz e colheita de camarão (não controlada).
Estação Ecológica Taim (Rio Grande do Sul)
A Estação Ecológica do Taim é uma área de conservação de importância mundial, preservando áreas úmidas e lagoas, campos, dunas e florestas, além de abrigar uma grande diversidade de espécies vegetais e animais da Mata Atlântica.
Sua notável avifauna inclui espécies que migram do hemisfério norte, migrantes do Cone Sul do continente e outras que vivem aqui durante todo o ano. Espécies ameaçadas de extinção, como o albatroz-de-nariz-amarelo do Atlântico (Thalassarche chlororhynchos) e o tuco-tuco-de-flamarion (Ctenomys flamarioni), são encontradas no Sítio.
A Estação Ecológica do Taim é uma zona núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica; desempenha um papel muito importante na conservação da biodiversidade, na manutenção do equilíbrio ecológico da área, na produção de alimentos, na contenção de inundações e no controle da poluição. Contudo, a urbanização e as infra-estruturas de transporte são ameaças importantes.
Área de Proteção Ambiental de Cananéia, Iguape e Peruíbe (São Paulo)
O Sítio, situado nos estados de São Paulo e Paraná, é uma área úmida representativa da Mata Atlântica. Faz parte do Patrimônio Mundial “Reservas da Mata Atlântica do Sudeste” e da Reserva da Biosfera da UNESCO.
O Sítio possui manguezais, estuários, rios, canais lagunares, planícies costeiras, cachoeiras e ilhas marinhas e costeiras. Possui também matas de restinga, dunas e o trecho de Mata Atlântica mais extenso e conservado do país.
Este mosaico de paisagens pantanosas de grande diversidade natural e notável beleza cênica abriga espécies ameaçadas e endêmicas, como o mico-leão-de-cara-preta (Leontopithecus caissara), ameaçado de extinção, o petrel-do-atlântico (Pterodroma incerta) e o tucano-de-bico-canal (Ramphastos vitellinus).
A agricultura, a exploração madeireira, a pesca e a poluição estão entre as principais ameaças no Sítio.
O texto dos sítios Ramsar foram traduzidos e adaptados do site The Convention on Wetlands (RAMSAR).