Fevereiro registrou o maior número de focos de incêndio ativos na Amazônia desde o início da série histórica em 1999. Foram 3.158 contabilizadas pelo Projeto Queimadas do INPE. O número é 330,25% maior do que o mesmo período de 2022, quando registrou 734 eventos. Comparado a janeiro, que registrou 2.049 eventos, o aumento foi de 54%.
Foto: Jader Souza / Assembleia Legislativa do Estado de Roraima |
Roraima concentrou a maior parte dos focos, com 2.057 registros, também estabelecendo o mês com mais queimadas desde 1999, início da série histórica, sendo responsável por 65% dos casos na Amazônia e 45% de todos os casos registrados no Brasil. No comparativo com mesmo período do ano passado, quando foram 168 registros, o estado teve impressionantes 1.124,4% de aumento nas ocorrências. Em comparação a janeiro, que registrou 604 ocorrências, o aumento foi de 240,56%.
Das dez cidades brasileiras que mais registraram focos de queimadas em todo o Brasil, durante o mês de fevereiros, todas são roraimenses.
Ranking de Focos por Municípios (Brasil - Fev/2024)
- Mucajaí (RR) - 401
- Caracaraí (RR) - 335
- Amajari (RR) - 235
- Rorainópolis (RR) - 218
- Iracema (RR) - 197
- Alto Alegre (RR) - 134
- Caroebe (RR) - 97
- Cantá (RR) - 87
- Bonfim (RR) - 79
- Boa Vista (RR) - 70
No Brasil todo foram identificados 4.568 focos de incêndio em fevereiro, também batendo o recorde histórico anterior para o mês que pertencia ao ano de 2016, quando registrou 3.238 queimadas. Em comparação com o mesmo período de 2023, que registrou 2035 eventos, houve um aumento de 124,47%. Já se comparado a janeiro de 2024, o número se manteve estável, pois tivemos 4.555 queimadas, ligeira alta de 0,29%.
Estiagem na região
A região do norte de Roraima está sofrendo com a estiagem, agravada pela influência do El Niño, que também favoreceu a propagação das queimadas. Por esse motivos, Antonio Denarium, Governador do estado decretou, no último sábado (24), situação de emergência (Decreto Nº 35.558-E/2024) para os municípios de Amajarí, Alto Alegre, Cantá, Caracaraí, Iracema, Mucajaí, Pacaraima, Normandia e Uiramutã.
O mês de fevereiro, para região, é o pior mês de estiagem. As média climatológicas para o estado ficam abaixo dos 100mm segundo dados da Climatempo. Na capital, Boa Vista, os equipamentos do CEMADEN registraram chuva em 5 do mês de fevereiro, mas o volume precipitado foi muito baixo. O maior valor mensal registrado pelos pluviômetros automáticos instalados no município foi de apenas 13,26mm.
Em Uiramutã, extremo norte do estado, onde a média climatológica para o mês é de 14mm, choveu somente 3,14mm nos 29 dias de fevereiro.
No mapa do acumulado de chuvas observadas nos últimos 90 dias, do INMET, é possível perceber que no último trimestre (dezembro/janeiro/fevereiro), pouco choveu na faixa norte de Roraima, representada pelos tons de amarelo e laranja, regiões onde o acumulado de precipitação dificilmente chegou aos 200mm nos últimos três meses.
Na região de Boa Vista, que fica na parte em amarelo mais clara do mapa, nota-se que o volume de chuva ficou entre 50 e 100 milímetros no acumulado dos últimos 90 dias. Nessa região também se encontram os municípios que registraram as maiores quantidades de incêndios.
Cartograma: INMET |
Incêndios são criminosos
Apesar da seca, a Amazônia é uma floresta tropical úmida, o que não propicia que incêndios ocorram de forma natural. As causas mais prováveis para as queimadas na região são as atividades a agricultura e pecuária.