AERA promove palestra sobre o mercado de energia solar

Investir na instalação de energia fotovoltaica ainda pode não ser a realidade de vários brasileiros, devido ao alto custo dos painéis solares, entretanto, aos poucos, o preço vem baixando. Com a necessidade acelerar a transição para matrizes energéticas mais limpas e renováveis, a energia solar é uma das opções que será amplamente explorada no futuro e foi o tema de palestra promovida pela Associação dos Arquitetos, Engenheiros, Agrônomos e Agrimensores da Região de Amparo (AERA) na última quarta-feira (26/6) sobre Soluções em Energia Solar, em parceria com o CREA-SP e as empresas do setor, Tecno Energia SolarEcori e Aquakent.

Hoje, a produção da própria energia pode ser feita "offgrid", ou seja, sem conexão com a rede de energia da concessionária ou "ongrid", onde o excedente não consumido na unidade geradora é enviado para a concessionária e contabilizado no Sistema Interligado Nacional. Essa última é a opção mais comum, a chamada Micro e Mini Geração Distribuída (MMGD). Toda energia enviada para a rede gera créditos para abatimento na conta de luz pelo consumo da rede nos períodos em que não há incidência do sol. O problema é que esse excedente gerado e enviado para a rede não está isento de taxação do ICMS e o Fio B.

Uma das formas para minimizar a taxação da energia solar seria o investimento em um sistema híbrido, com a instalação de baterias para otimizar o consumo da energia gerada. Cada unidade geradora, seja ela uma residencial, comercial ou industrial deve ser analisada conforme suas características para ver se compensa o investimento no sistema de armazenamento de energia.

Por exemplo, em uma residência em que os moradores ficam em casa durante o dia, consumindo a energia gerada, as baterias necessárias para armazenar o excedente produzido será menor do que em caso de residências em que os moradores fiquem fora durante o dia, que vão precisar de baterias com mais capacidade de armazenamento para aproveitar ao máximo a energia produzida durante o dia, utilizando durante a noite. A ideia aqui é conseguir maximizar o uso da energia produzida na unidade sem depender da rede, reduzindo a incidência de impostos, além de contribuir para reduzir o pico de consumo, minimizando a sobrecarga do Sistema Nacional.

O Engenheiro Elétrico, Gabriel Silva, da Ecori, empresa especializada em importação e distribuição de sistemas fotovoltaicos com micro inversores, destacou o fenômeno observado na Califórnia, conhecido como a Curva do Bico de Pato.

Com alta incidência do Sol, o estado da Califórnia criou políticas que incentivaram a adoção de energias renováveis, estabelecendo metas na composição de sua matriz energética, porém, isso gerou um grande problema. A energia que era produzida durante os períodos de sol passou a suprir grande parte necessária para atender a demanda de consumo, inclusive sendo desperdiçada, em grande parte, pois com as mudanças na regulação do estado, o envio do excedente para a rede se tornou inviável, entretanto, no final da tarde, início da noite, quando não há mais produção de energia fotovoltaica, o consumo de outras fontes subia muito rápido, causando sobrecargas no sistema de distribuição, formando a curva do "bico do pato".

Para minimizar os impactos desse pico de consumo, estão sendo introduzidas na rede grandes baterias para armazenamento do excedente produzido durante o dia, que ajudam a regular o fornecimento de energia e atender a demanda entre 19h e 22h, o que ajuda a reduzir as chances de apagões, tanto em dias mais quentes como quando incêndios florestais atingem as linhas de transmissão.

Gabriel Silva da empresa Ecori palestrando no AERA Amparo em 26/06/2024 sobre Soluções em Energia Solar - Foto de Vinícius Lapa para o Ecologia em Destaque.
Foto: Vinícius Lapa / Ecologia em Destaque

Além disso, Gabriel destacou a aplicação de micro inversores nas placas solares, que trazem mais segurança as instalações. O equipamento, apesar de elevar o custo, pois cada painel teria seu próprio inversor de energia (de corrente contínua para corrente alternada), reduzindo riscos de choque e incêndio, além de aumentar a eficiência energética das placas.

Outras formas de aproveitar a energia solar para reduzir gastos

Uma alternativa aos painéis fotovoltaicos é o aquecimento de água através da energia solar, uma alternativa mais barata e que já reduz a conta de luz ao eliminar o uso do aparelho que mais consome energia em uma residência, o chuveiro.

As possibilidades do uso do aquecimento solar não se restringem ao banho. O aquecimento pode ser utilizado para a cozinha e para piscinas, por exemplo. Também é explorado amplamente na área comercial, por bares e restaurantes, fornecendo água quente para higienização, em hotéis para banho e lavagem de roupas e na indústria as aplicações são as mais diversas.

A tecnologia mais comum utiliza painéis ou tubos plásticos para aquecer a água através da energia térmica, onde sua eficiência dependerá da temperatura externa e incidência solar, onde a água é armazenada em "boilers" que podem, se necessário, manter a temperatura através de aquecimento elétrico ou à gás.

O Engenheiro de Produção, Igor Miura, da empresa AquaKent apresentou aos presentes o aquecedor solar que utiliza tubos cilíndricos com isolamento a vácuo. A tecnologia Alemã se difere das tradicionais placas de aquecimento térmico por sua eficiência, uma vez que o aquecimento é feito por meio de radiação solar incidindo no vácuo dos tubos.

Igor Miura da empresa Aquakent palestrando no AERA Amparo em 26/06/2024 sobre Soluções em Energia Solar - Foto de Vinícius Lapa para o Ecologia em Destaque.
Foto: Vinícius Lapa / Ecologia em Destaque

Os tubos com comprimento de 1,80 m. são produzidos em boro silicato. O vácuo contido nas estruturas tubulares pode aquecer próximo a 100°C, calor que é transferido para a água que circula nos tubos modulares por meio de convecção, quando a água quente, com menor densidade flutua até um boiler de armazenamento e a água fria desce para os tubos.

Esse método não exige que o tempo esteja quente, mesmo em regiões que tenham temperatura baixas, mas tenham incidência de radiação solar, o sistema irá aquecer a água. Esse sistema tem 95% de eficiência em transformação de energia solar em térmica.

Números de energia solar no Brasil

Aqui no Brasil, segundo os dados de julho do Operador Nacional do Sistema (ONS), a capacidade instalada para geração de micro e mini geração distribuída soma 30.244 MW, o que representa 13,5% da matriz total. As usinas solares instaladas pelo país tem a capacidade de produção de 13.869 MW, com 6,2% de representatividade. No total, a energia solar já representa 19,7% da capacidade do Sistema Integrado Nacional.

Fonte: EPE.

Os dados da Empresa de Pesquisa Energética (EPE) mostram que em 2023 eram 2.340.122 pontos de geração de micro e mini energia distribuída, que produziam cerca de 26,6 GW, número que cresceu exponencialmente nos últimos anos, atingindo 3.407.727 unidades consumidoras, sendo 99% através de energia solar e 1% através de termelétrica.

As residências foram as maiores consumidoras da energia gerada, com 48% do total consumido. Os imóveis comerciais consumiram 29%, a área rural ficou com 15% do consumo total, as indústrias somaram 7% e o Poder Público ficou com 1%.

Vinícius Lapa

Bacharel em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e Tecnólogo em Gestão Pública pela UNIP (Universidade Paulista).

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