Os focos de queimadas estão atingindo índices alarmantes em 2024. Só no primeiro semestre, já foram detectados 35.938 focos de incêndios, número 53,87% superior ao registrado no primeiro semestre de 2023, quando foram 23.356 focos, segundo os dados do Projeto Queimadas do INPE.
Com o auxílio de aviões, brigadistas do Prevfogo/Ibama combatem incêndios florestais no Pantanal no município de Corumbá (29/06/2024). Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil. |
Em junho foram 12.432 ocorrências registradas pelos satélites, o pior índice dos últimos 17 anos. Em comparação ao ano passado, quando foram 8.597 ocorrências, o aumento foi de 44,61% nas queimadas no mês de junho. Já em relação ao mês passado, maio de 2024, o aumento foi de 96,58%, quando foram contabilizados 6.324 eventos de fogo.
Corumbá, no Mato Grosso do Sul, é disparado, o município que mais registrou focos de queimadas em junho, com 2.029 eventos. O segundo município com mais registros de queimadas é Porto Murtinho (MS), com 324 ocorrências, seguido de Poconé (MT), com 254 casos. Confira abaixo as dez cidades brasileiras com mais queimadas registradas pelo INPE em junho de 2024:
Ranking municipal de focos de queimadas - Junho/2024
- 1º - Corumbá/MT - 2.029
- 2º - Porto Murtinho/MS - 324
- 3º - Poconé/MT - 254
- 4º - Tangará da Serra/MT - 190
- 5º - Feliz Natal/MT - 175
- 6º - Juará/MT - 149
- 7º - Pium/TO - 148
- 8º - Lagoa da Confusão/TO - 144
- 9º - Balsas/MA - 131
- 10º - Cáceres/MT - 128
Queimadas disparam no Pantanal
Nos seis primeiros meses, o Pantanal acumula 3.538 focos de queimadas, 2.018% a mais que no mesmo período de 2023, quando foram apenas 167 ocorrências registradas pelo INPE.
Só no mês de junho foram registrados 2.639 focos de queimadas, o que representa 21,75% das ocorrência sem todo o país. Em junho de 2023, foram registradas somente 77 casos em de queimadas no Pantanal, mostrando um aumento de assombrosos 3.327% nas ocorrências de queimada no Bioma nessa comparação. Em relação ao mês anterior, maio de 2024, que registrou 246 focos, a alta foi de 973%.
Os dados do Laboratório de Aplicações de Satélites Ambientais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Lasa-UFRJ) apontam que de janeiro a junho deste ano, 700.725 hectares já foram queimados no Pantanal, cerca de 4,64% de todo o bioma. No mesmo período de 2023 foram 25.625 hectares, um aumento de 2.634,54% na área afetada.
Em maio de 2024, foram 24.575 hectares queimados contra 416.675 de junho, aumento de 1.595,62%. Só no mês de junho foram queimadas 59,46% de todas as áreas afetadas em 2024. Ao compararmos com junho de 2023, que registrou 2.575 ha degradados, a alta em relação ao mesmo período de 2024 foi de impressionantes 16.082%
As queimadas no Pantanal já vinham com valores muito acima da média desde novembro de 2023. O CEMADEN emitiu uma nota técnica sobre a análise das condições de secas e previsões hidrológicas para a região pantaneira, onde destaca as chuvas irregulares entre dezembro de 2023 e maio de 2024.
O déficit hídrico causou seca severa ou extrema em grande parte da região. A anomalia de chuvas no bioma já vem apresentando valores negativos desde 2019/2020, com exceção da temporada 2022/2023.
Com menos chuvas e solo mais seco, as condições que favorecem a proliferação de queimadas, associada ao manejo do fogo para expansão da agricultura e agropecuária, formam o cenário dramático atual na região.
Amazônia
O INPE contabilizou 13.489 focos de incêndio florestal na região da Floresta Amazônica no primeiro semestre de 2024, o que representa uma alta de 61% em relação aos 8.344 focos registrados no mesmo período de 2023.
De maio para junho, o aumento foi de 70% nas queimadas, subindo de 1.670 para 2.842. Já no comparativo com junho de 2023, que registrou 3.075 focos de incêndio, tivemos uma queda de 7,5%.
De janeiro a junho, 715.325 hectares da Amazônia foram afetados pelas queimadas, segundo o LASA, o que representa 0,17% da área total do bioma. No mesmo período de 2023, foram 342.675 hectares afetados pelo fogo. Alta de 109%.
Em relação ao mês anterior, maio, o aumento foi de 129,5%, passando de 72.220 hectares para 165.750 hectares em junho. Na comparação com junho de 2023, que registrou, 152.325 hectares degradados pelo fogo, a alta foi de 8,8%.
Caatinga
No comparativo entre o primeiro semestre de 2023 e 2024 foi registrado aumento de 17% nos focos de incêndio, passando de 1.393 no acumulado dos seis primeiros meses de 2023 para 1.632 no mesmo período de 2024.
No comparativo mensal, junho fechou com 336 focos registrados contra 169 de maio, aumento de 99%. Quanto ao mesmo período do ano passado, quando foram 246 focos, a aumento ficou em 37%.
Cerrado
Também foi registrado aumento de queimadas no Cerrado no comparativo dos primeiros semestres de 2023 e 2024. Foram 10.322 ocorrências em 2023 contra 13.229 de 2024, aumento de 28%. Em relação a maio, quando foram 3.437 focos, o aumento foi de 52%, já que em junho foram 5.217 focos registrados. No comparativo com junho de 2023, quando foram 4.472, a alta é de 17%.
Em área queimada, segundo o LASA, o Cerrado é o mais degradado. No acumulado do 1º semestre de 2024 foram 1.357.725 hectares contra 1.277.650 hectares do mesmo período de 2023. Aumento de 6% em área queimada.
Em comparação entre maio (393.750 ha) e junho (594.850 ha) de 2024, o aumento foi de 51%. Ao compararmos com junho de 2023, que registrou 438.800 hectares queimados, a alta foi de 35,5%.
Mata Atlântica
Em 2024 já foram registrados 3.927 focos de queimados na Mata Atlântica, valor 44% superior ao registrado no primeiro semestre de 2023, quando foram 2.728 focos.
Entre maio e junho, o aumento nos incêndios no bioma foi de 72%, subindo de 794 para 1.365. Na comparação com junho de 2023, quando foram 673 casos, o aumento foi de 103%.
Pampa
O único bioma a registrar queda no número de queimadas foi a região do Pampa Brasileiro, localizado no Rio Grande do Sul (o Pampa se estende por todo Uruguai e parte do leste da Argentina). A queda no número de focos se dá pelo grande volume de chuvas que a região ainda vem recebendo.
No primeiro semestre de 202 foram 123 ocorrências contra 402 no mesmo período de 2023, resultando uma queda de -69%.
Já no comparativo de maio para junho de 2024 houve aumento, de 8 focos em maio para 33 em junho, aumento de 312,5%. Já comparado com junho do ano passado, houve redução de 61% nos casos, que eram 54.
Balanço semestral de queimadas nos estados brasileiros
O estado do Mato Grosso é o que mais registra queimadas no país. Já são 8.798 focos identificados, que somam 24,5% dos casos de todo o Brasil. Roraima é o segundo estado que mais acumulou queimadas, somando 4.627 ocorrências, majoritariamente no início do ano, quando o estado sofria com uma forte seca.
O Mato Grosso do Sul é o terceiro estado com mais focos de queimada, contabilizando 4 mil focos, principalmente na área do Pantanal, que se estende também pelo estado do Mato Grosso. A cidade de Corumbá, que registra o maior número de queimadas no país fica no MS.
A tabela abaixo traz o acumulado de queimadas do primeiro semestre de 2024 em todos os estados do Brasil agrupados por regiões e o comparativo com mesmo período de 2023.
UF
2023
Dif%
2024
DF
26
88%
49
GO
973
10%
1.070
MS
831
381%
4.000
MT
6.088
44%
8.798
TOTAL CENTRO-OESTE
7.918
75%
13.917
AL
97
23%
120
BA
1.762
3%
1.825
CE
295
49%
442
MA
2.510
-4%
2.409
PB
122
-32%
82
PE
223
3%
230
PI
834
-1%
821
RN
69
10%
76
SE
70
-5%
66
TOTAL NORDESTE
5.982
1%
6.071
AC
48
185%
137
AM
390
70%
666
AP
15
-46%
8
PA
1.482
28%
1.904
RO
276
68%
465
RR
1.261
266%
4.627
TO
2.393
50%
3.611
TOTAL NORTE
5.865
94%
11.418
ES
87
75%
153
MG
1.194
28%
1.531
RJ
79
303%
319
SP
508
155%
1.299
TOTAL SUDESTE
1.868
76%
3.302
PR
578
13%
658
RS
609
-61%
235
SC
536
-37%
337
TOTAL SUL
1.723
-28%
1.230
TOTAL BRASIL
23.356
53%
35.938