O inverno de 2024 tem sido mais seco do que o de anos anteriores, o que tem proporcionado condições mais favoráveis para a propagação de queimadas, principalmente em regiões em que a vegetação se encontra mais seca.
O Brasil registrou 22.478 focos de queimadas em julho de 2024, o maior dos últimos 19 anos para o mês. Isso representa um aumento de 80,8% em relação ao mês anterior, quando foram 12.432 queimadas contabilizadas. Já no mesmo período do ano passado, foram 13.985 focos, alta de 60,7%, segundo dados do INPE.
Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil. |
Mais da metade dos focos registrados, cerca de 68%, foram na região da Amazônia Legal, que também vem registrando o pior período de queimadas dos últimos 17 anos. Em julho, foram 15.374 focos contra 9.315 de julho de 2023, uma alta de 88%. Em relação ao mês anterior, junho de 2024, que teve com 2.939 incêndios detectados, a alta foi de 139%. Esse foi o pior mês de julho dos últimos 19 anos.
Região Norte
Registrando os maiores índices de focos de calor desde 2005, a região apresentou aumento de 296,46% de junho (2.939) para julho (11.652). No comparativo com julho de 2023, quando foram 6.198 queimadas identificadas, a alta foi de 87,56%.
O destaque negativo vai para o Amazonas, com 4.241 focos, o maior já registrado para um mês de julho desde o início das medições em 1998. Em junho foram detectados 258 pontos de calor, isso representa um aumento de 1.544% nas queimadas no Estado. Em relação ao mesmo período do ano passado, que teve 1.947 queimadas, a alta foi de 117,8%.
Acre (603) e Rondônia (1.618) também registraram um número de queimadas muito acima da média do mês e tendo o pior índice dos últimos 19 anos.
Roraima (3) e Amapá (1) quase não registraram queimadas, pois estão na estação chuvosa, situação bem diferente a do início do ano, principalmente para Roraima que registrou incêndios recordes no início do ano.
A degradação da Floresta Amazônica, seja pelas queimadas ou pelo desmatamento vem agravando a situação do bioma, que hoje emite mais poluentes do que os retém.
Região Nordeste
Houve aumento de 90,98% no registro de queimadas de junho (1.941) para julho (3.707), mas no comparativo com julho de 2023 (4.222), houve redução de -12,2% de focos de incêndio na região.
Região Centro-Oeste
A seca vem castigando a região central do Brasil, mas tivemos uma redução de -21,96% nas queimadas detectadas entre junho (5.692) e julho (4.442), mas o valor ainda é muito acima de julho do ano passado, quando foram 2.147 incêndios, alta de 106,89% nessa comparação.
Região Sudeste
O clima quente e seco desse inverno vem criando cenário propício para a proliferação das queimadas no Sudeste. Tivemos um aumento de 37% nas queimadas de junho (1.411) para julho (1.934) e de 101% quando comparamos com julho/2023 (962).
Região Sul
Com a redução das chuvas durante o período invernal, a região também tem registrado aumento das queimadas. Foram 743 focos de calor detectados em julho contra 449 de junho, aumento de 65,5%. Comparado a julho de 2023, quando foram detectados 456 focos de calor, a alta foi de 62,94%
Alerta de Seca do Brasil
O mês de julho foi mais seco do que a média climatológica do mês na maior parte do pais, com exceção do extremo norte do Amazonas e Roraima e em partes de Santa Catarina e do Paraná, choveu menos do que o esperado em toda as partes em tons alaranjados no mapa da direita da figura abaixo, o que contribuiu para a propagação das queimadas. Nas regiões mais centrais do Brasil, não houve registro de chuva, como mostra o mapa da esquerda.
Fonte: CPTEC / INPE. |
O mapa de índice integrado de seca municipal do CEMADEN mostra que 404 municípios brasileiros estão sofrendo com uma seca extrema. Esses municípios estão localizados no Norte de São Paulo e de Mato Grosso do Sul, triângulo mineiro e Sul de Goiás, por todo o estado do Mato Grosso, Sudeste do Pará e Sudoeste do Amazonas. Essas região estão mais suscetíveis a queimadas e a prejuízos na agricultura.
Se considerarmos os municípios que enfrentam seca moderada ou pior, temos 2833 cidades nessa faixa, o que representa mais da metade (51%) dos municípios do país.
Fonte: CEMADEN. |