ONS divulga avaliação de impactos em caso da volta do Horário de Verão

A volta do horário brasileiro de verão pode reduzir a demanda máxima noturna por energia elétrica em até 2,9%, o que, no pior cenário hídrico no Brasil pode gerar uma economia de mais de 350 milhões de reais, é o que revela a nota técnica emitida pelo ONS à pedido do Ministério de Minas e Energia (MME), que estuda se há necessidade da volta da diferenciação ainda este ano.

Rio de Janeiro (RJ) 19/09/2024 - Edifício sede e logotipo do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), que recomenda adoção do horário de verão. Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil.
Foto: Fernando Frazão / Agência Brasil.

Segundo a nota técnica da ONS, os estados brasileiros localizados em latitudes mais baixas, que são as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, são mais suscetíveis a variabilidade de luz solar, ou seja, durante o verão do Hemisfério Sul, os dias ficam significativamente mais longos.

Tendo em vista que o horário de pico de consumo de energia do Sistema Integrado Nacional (SIN) é no início da noite, a adoção do horário de verão é, segundo o ONS, uma forma de reduzir a vulnerabilidade do sistema elétrico nacional, pois há um melhor aproveitamento das Micro e Mini Geração Distribuída (MMGD), que é, majoritariamente, a energia produzida por painéis fotovoltaicos.

A rampa de carga máxima seria, dessa forma, alongada, ou seja, com o maior aproveitamento da luz solar, a mudança brusca de fonte de energia elétrica seria ligeiramente menos brusca, tendo o pico de consumo deslocado para mais tarde, entre 20h e 21h.

A economia estimada para a geração de energia com a adoção do horário de verão também foi calculada pelo estudo, que levou em consideração dois cenários, o de melhoria da situação climática, com a volta das chuvas e o pior cenário, onde a seca se agravaria e teríamos o acionamento de mais termoelétricas, ambos entre outubro de 2024 e março de 2025.

No melhor dos cenários, a economia em combustível termoelétrico poderia ser de 244 milhões de reais. Já no pior cenário, a economia estimada poderia alcançar 356 milhões de reais. Também haveria economia nos leilões de reserva de capacidade, estimada em 1,8 milhões de reais anuais.

Mesmo com a seca histórica que o Brasil vem sofrendo nos últimos meses, ocasionando a baixa nos reservatórios de diversas estações hidrelétricas, o que retoma a discussão da segurança hídrica e energética do país, Alexandre Silveira, ministro do MME, afirmou em reunião extraordinária do Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico que não existem riscos para 2024.

"Não temos chance de crise energética este ano, mas devemos cuidar para que não tenhamos nenhum evento pontual em especial nos horários de ponta. A nossa missão é equilibrar segurança energética com modicidade tarifária, ou seja, menores tarifas para o consumidor. Se energia é vida, energia mais barata é sinônimo de renda, emprego e desenvolvimento nacional" (Alexandre Silveira em reunião do CMSE).

Opiniões controversas quanto a volta do horário de verão

Nem todo mundo é a favor do horário brasileiro de verão. Quando da sua extinção, em 2019, a Paraná Pesquisas divulgou que 67,5% dos brasileiros entrevistados eram a favor do fim do horário, já 31,1% da população eram contra o encerramento da diferenciação, para os outros 3,2% entrevistados, não responderam ou não souberam opinar.

Dentre as justificativas, podemos destacar os prós e os contras do horário de verão

Prós:

  • Economia de energia;
  • Melhor aproveitamento da luz solar para as atividades diárias;
  • Aumento do consumo em bares e restaurantes nos finais de tarde;
  • Mais segurança na volta pra casa.

Contras:

  • Adaptação ao novo horário;
  • Problemas de saúde associados a mudança no relógio biológico;
  • Maior diferença nos fuso horários brasileiros, dificultando a adaptação de algumas atividades;
  • Mudanças no ciclo agropecuário.

Histórico do Horário de Verão no Brasil

O horário brasileiro de verão foi adotado pela primeira vez em 1931, entre de 3 de outubro de 1931 até 31 de março de 1932. O Decreto 20.466, de 1º de outubro de 1931, editado pelo Presidente Getúlio Vargas definia que os relógios deveriam ser adiantados em 1 hora às 11 horas da manhã. Entretanto, nos anos seguintes, o horário de verão não foi adotado em todos os anos.

Já o horário de verão como conhecíamos, anualmente, começou em 1985, indo até 2018. Em 2019, o Presidente Jair Bolsonaro decretou o fim do horário diferenciado, à época, alegando que o horário não trazia mais a economia de energia esperada, uma vez que a curva de consumo teria se deslocado para o meio da tarde com a popularização do ar-condicionado, muito utilizado em dias quentes.

Mas e aí?! Você é a favor ou contra a volta do horário de verão?

Vinícius Lapa

Bacharel em Administração pela Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e Tecnólogo em Gestão Pública pela UNIP (Universidade Paulista).

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